Kitesurf: tudo o que você precisa saber antes de começar
Neste post, você vai saber tudo sobre kitesurf e passará a entender porque esse esporte tem crescido na última década e tornou-se o queridinho tanto de crianças quanto de adultos que procuram praticar um esporte que alia prazer e aprendizado.
E, como toda nova prática, é necessário disponibilizar um tempinho na agenda para as aulas. Dependendo da sua dedicação e responsabilidade, em uma semana você já poderá curtir uma paisagem das mais belas praticando o esporte.
Fazer seu primeiro downwind, sair de um ponto X em uma praia e velejar a favor do vento até um ponto Y, e nunca mais parar de fazer kitesurf. Como esse esporte é praticado em praias e lagos, com certeza você vai sentir seu estresse e ansiedade indo embora. Nada como natureza e ar puro para equilibrar os pensamentos e emoções.
Vamos explicar direitinho como esse esporte sensacional funciona. Vem com a gente!
O que é o kitesurf?
O kitesurf, kiteboarding ou flysurf é como velejar e surfar, mas possui suas próprias técnicas. Para você entender melhor, “kite”, em inglês, significa “pipa” e “surf”, navegar. Sim, você vai ser navegado por uma pipa, direcionando conforme o vento no seu caminho.
A pessoa fica com a pipa presa à cintura pelo trapézio, coloca-se em cima da prancha, onde há um encaixe para os pés, comanda o kite com uma barra e, sobre a água, é impulsionada pelo vento que atinge a pipa. Você controla o direcionamento do seu trajeto através da barra. Pode até pegar ondas ou realizar saltos.
Além disso, dá para velejar planando em ventos mais fracos do que o windsurf (prancha à vela), fazer as acrobacias do wakeboarding (prancha puxado por lancha) e dar saltos e loops em lagoas e rios com ventos fracos, sem precisar de ondas.
Quando foi criado?
O kitesurf foi criado pelos irmãos franceses Bruno e Dominique Legaignoux, em 1985. Antes disso, já havia algo parecido com esse esporte. Há cerca de 2 mil anos, os chineses já utilizavam a pipa para auxiliar os barcos no transporte de materiais pesados.
O inglês George Peacok, em 1826, inventou uma estrutura em que uma carroça era puxada por pipas a uma velocidade de 20km/h. O norte-americano Samuel Franklin Cody navegou o Canal da Mancha sendo puxado por uma pipa.
Por volta de 1970 e 1980, a pipa foi usada para impulsionar canoas, patins, patins no gelo, esquis e esquis aquáticos. Mas foi o suíço Andreas Kuhn que chegou mais perto do que conhecemos hoje como kitesurf.
Por meio de um parapente (semelhante a paraquedas) de aproximadamente 25m², ele foi impulsionado sobre uma prancha e seus saltos foram televisionados e divulgados em toda a Europa.
Mesmo realizando essa façanha, quando o parapente caia na água, não havia outra decolagem. E quem conseguiu resolver esse problema foram os irmãos Legaignoux. Eles criaram uma pipa inflável que, caso caísse na água, poderia ser reerguida e retornava com um ângulo de 10 graus contra o vento, ideal para decolagem.
Em 1985, os irmãos patentearam o kite. No entanto, só em 1995 esse esporte começou a fazer sucesso, pois, na época, o windsurf estava no auge e nenhuma empresa quis arriscar fabricar a pipa.
Robby Naish, campeão mundial de wind, foi um dos responsáveis pela divulgação do kitesurf. Ele se apaixonou pelo esporte e foi o primeiro campeão mundial em 1998, em um torneio realizado em Maui, no Havaí.
No ano 2000, foi criado o primeiro circuito mundial, o Kitesurf Pro World Tour. No ano seguinte, foram fundadas a Professional Kiteboard Riders Association e a Associação Brasileira de Kitesurf (ABK). Esta entidade rege o esporte no Brasil sendo diretamente ligada à Confederação de Vela e Motor.
Quais são os equipamentos usados no kitesurf?
Depois de entender o que é kitesurf e saber a história de como esse esporte se tornou um sucesso, vamos conhecer mais sobre os equipamentos usados.
Descrição das partes do kite
- Bordo de ataque: parte frontal do kite, onde fica o inflável principal e entra o fluxo de ar.
- Bordo de fuga: parte traseira, por onde sai o fluxo de ar.
- Cabrestos: conjunto de linhas que compõem a estrutura de conexão do tecido às linhas de voo e permite as manobras para o kite de duas linhas e alguns de quatro linhas.
- Talas infláveis: ajudam a dar forma ao perfil do kite e distribuem a tensão do tecido no sentido transversal.
- Bexigas: tubos de plásticos que, inflados, dão rigidez à estrutura do kite.
Kites infláveis
Possuem apenas uma superfície de tecido, talas infláveis para manter o perfil aerodinâmico estável e um inflável principal que mantém o formato em arco, tornando-os insubmersíveis.
Esse tipo de equipamento tem muita potência para saltar e manter o tempo de voo. São usados em amplas faixas de ventos e ficam longos períodos na água continuando aptos a decolar.
Como as talas infláveis são frágeis, podendo furar ou estourar, é necessário cuidado ao usá-las.
KitesFoils
Possuem duas camadas de tecidos com superfície superior e inferior divididos por células que se enchem de ar e formam o seu perfil. Possuem boa tração e são mais resistentes a impactos.
Se ficam alguns minutos na água, enchem e dificilmente decolam de novo. Os cabrestos têm muitas linhas e podem enrolar em mãos inexperientes.
KiteArch (híbridos)
São um híbrido entre os infláveis e os foils. Têm duas camadas de tecido e não possuem infláveis. Usam o sistema de perfil de dupla superfície junto com o formato frontal em arco, eliminado a necessidade de muitas linhas no cabresto.
São menos frágeis e muito estáveis. Não são fáceis para redecolar, por isso se usa ao contrário (lado de baixo para cima). Diferentemente dos infláveis, não possuem a manobrabilidade e velocidade para explosão de saltos.
KitesFramed
Possuem apenas uma camada de tecido e a armação é de fibra, geralmente de carbono. São baratos e tracionam bem. No entanto, não são redecoláveis e podem até afundar.
Quais são as principais manobras?
Chegou a hora de falar da parte divertida e, claro, do verdadeiro aprendizado. Há três tipos de manobra no kitesurf: transição, salto e as feitas nas ondas. Para cada tipo existem termos e pontuações diferentes.
As manobras de transição são as mudanças de direção feitas pelo atleta. Já as relacionadas a saltos, são feitas no ar e visivelmente incríveis. Já foram registrados saltos de até doze segundos. Manobras feitas na onda são adaptadas do surf.
Não dá para colocar aqui todas as manobras de cada tipo, por isso fizemos uma seleção das mais conhecidas para você ficar bem informado e praticá-las.
S-bend to blind
Manobra na pressão com o kite parado a 45 graus. Antes de efetuar essa manobra, verifique seu sistema de segurança e fique preparado para ejetar o kite se necessário.
Kite Loop
Dar uma volta completa com o kite no ar, durante um salto ou velejo, desenhando a letra “O” no ar.
Looping
Uma volta vertical completa com o próprio corpo durante um salto.
AerialJibe 540
O Aerial Jibe 540 é um looping para frente que termina planando para o outro lado, ou seja, é uma manobra do tipo transição. Mantenha o kite no topo durante o voo e dê o comando para o outro lado no meio da descida.
Antes de tentar essa manobra, seria bom treinar pular e poder voltar para o outro lado no meio do pulo. Uma transição bem-feita termina aterrissando com velocidade para o outro lado, e não caindo ou atolando e depois mudar a direção.
Aerial de backside na junção da onda
O backside é uma das manobras mais valorizadas, foge daquela linha clássica do surf e tende para os movimentos mais radicais. É a partir do aéreo que surgiram as manobras como aerial 180°, 360° e uma infinidade de rotações.
Aerial 360
Essa manobra exige um grau técnico elevado, já que é feita no crítico da onda, e isso é muito valorizado em uma competição. Deve ser executada usando a rampa da onda, e não realizando um flat 3 na espuma, pois esse movimento não se encaixa no critério de wave.
Atenção
Agora que você sabe tudo sobre kitesurf, é necessário prestar atenção nas regras e cuidados que se deve ter ao praticar o esporte. Como é uma prática em que realizamos manobras e algumas são mais ousadas, vale a pena ter todo o cuidado.
Primeiro, quem inicia deve procurar um instrutor qualificado, além de saber nadar bem e ter calma. Não vá querer, nas primeiras horas, praticar movimentos radicais. O aprendizado é um processo, vamos evoluindo pouco a pouco, conforme adquirimos confiança.
Aprender sobre direção e força do vento, marés e correnteza também ajuda muito. É um esporte praticado no mar, rios e lagos, portanto entender isso é básico.
Os iniciantes devem praticar os procedimentos de decolagem, pouso e autorresgate. Nunca toque na linha com o kite em voo e nunca deixe um kite solto na praia.
O equipamento de kitesurfe é seu, você é o responsável, então não empreste para pessoas com nenhuma ou pouca experiência. Ao praticar, respeite as regras e o regulamento do local.
Sempre tenha alguém ao seu lado para ajudar a decolar, pousar e saber onde está. Use o sistema de “leash” e “safety release”. Lembre-se de usar o salva-vidas, capacete e óculos escuros – em muitos momentos, você olhará em direção ao sol.
Não pratique quando perceber que os ventos estão muito fortes, em tempestades ou relâmpagos. Nas ondas, não esqueça que, ao cair na arrebentação, você pode se enrolar nas linhas.
Afinado e sabendo tudo sobre kitesurf, levante e vá treinar. Aproveite e deixe um comentário de como foi essa experiência. Continue acompanhando o nosso blog. Até a próxima.
Aloha,
Matheus Hunoff.
Olá Matheus , estou terminando a faculdade de Educação física e pensando em fazer um TCC com um tema relacionado ao surf ou kite surf, gostaria de saber se você que está inserido no meio poderia me ajudar num tema e título específico. Obrigado
E aí Julian. Obrigado pelo seu comentário. Acho que dois temas interessantes relacionados ao surf seria os benefícios dos esportes aquáticos para a saúde ou, como o crescimento do surf afeta positivamente a sociedade/economia no país. Fico a disposição se puder ajudar de alguma forma. Aloha!